Sinto falta…

18-08-2012 19:42

 

Por Pr. Manoel dC
Pastor da Comunidade Cristã Abrigo r15 – Manaus – AM
 

Sinto falta…Dos velhos tempos em que havia mentoria de novos líderes por parte de homens de Deus sábios e piedosos, cheios do Espírito Santo, que encarnavam o Evangelho revelando uma vida simples despojada de interesses desse mundo e se acercavam de seus pupilos com real interesse através de um discipulado informal, mas conferindo as áreas da vida, perguntando, orando e sugerindo soluções com condescendência e humildade, sem cobranças e fiscalizações doentias, mas com o amor incondicional que só existe em Jesus de Nazaré.

Sinto falta…Dos velhos tempos em que se encarava o ministério da igreja com zelo, temor e seriedade, e todo candidato que revelasse alguma vocação pastoral, ou chamado para missões ou mesmo para desempenhar qualquer dom espiritual na igreja, passava por um crivo preparatório de estudos doutrinários e teológicos (não necessariamente seminário formal), que equipava o pretendente com conhecimento teológico prático, visando seus estudos, sermões e opiniões pessoais serem embasados nahermenêutica (estudo de como interpretar a Bíblia corretamente), na exegese (estudo das palavras da Bíblia no seu contexto original), o que produzia um tipo de obreiro com um currículo de serviço sacrificial à igreja e à sociedade e uma vida moral e ética compatível com o Evangelho de Cristo. Somente depois de ser acompanhado e experimentado, assumia alguma liderança.

Hoje em dia, qualquer aventureiro mais desinibido pode se tornar um pastor num curtíssimo intervalo de tempo. É só ter boca grande e mandar ver no besteirol…

Sinto falta…dos velhos tempos em que as pregações dos púlpitos eram pautadas na boa e velha homilética (ensino de como se prega e expõe As Escrituras) e centrada na Palavra de Deus exclusivamente, quando os pregadores eram conscientes e só subiam ao púlpito quando tinham real convicção que estavam interpretando As Escrituras de maneira correta, de acordo com aharmonia doutrinária de toda a Bíblia. Hoje o que se vê e ouve por aí são pregadores copiando os métodos indutivos da neurolinguística, arremedando os conceitos de autores da autoajuda, marcando território com seu “estilo pessoal”, resultando na verbosidade oca que não transforma vidas nem acrescenta absolutamente nada a vida dos que os ouvem.

Sinto falta…dos velhos tempos em que se faziam reuniões de oração e vigílias sem jogo de interesses ou negociatas com Deus, sem as barganhas e troca de favores de hoje em dia, sem as palavras de comando de “ungidos especiais” e sem as manipulações de “levitas” auto exaltados que induzem aos mantras e devaneios “no espirito” em ajuntamentos onde crentes mimados exigem e ordenam suas benções, antes, se reunia para buscar a face de Deus, pelo simples pretexto de ouvir Deus, com sede da Palavra, em ambientes onde o quebrantamento e a contrição eram as marcas dos que se ajoelhavam com temor e tremor em submissão à vontade soberana de Deus.

Sinto falta…Dos velhos tempos em que os cristãos em geral se resignavam em submissão a Deus e através do controle total do Espírito Santo, se mantinham puros interna e exteriormente e cheios de contentamento em Deus dominavam seus impulsos carnais, e mesmo diante de pressões externas inesperadas de dor ou ofensa, mantinham a paz e o autocontrole manifestando tranquilidade, por revelarem mansidão e humildade, como o próprio JESUS ensinou no Sermão do Monte. Hoje, vemos cristãos nervosos, pavios-curtos, intolerantes, que extravasam com xingamentos e imprecações, como qualquer um faz no mundo.

Sinto muita falta …E enquanto isso, as igrejas vão se abarrotando de “crentes zumbis” que se recusam a morrer pra si mesmos, deixam de lado suas cruzes diárias, e nunca se submetem ao domínio do Espírito Santo.

Quando será vamos nos converter como igreja, nos arrepender de fato e volver os olhos para Deus de coração e voltar às velhas práticas e observâncias saudáveis dos tempos de outrora?